segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

a questão dos limites

"Não restam dúvidas de que hoje há insegurança sobre a educação dos filhos. Existem teses e teorias diversas, que apontam direcções, muitas vezes opostas, e que criam um dilema para os pais: - Como educar? Qual é o caminho correcto? Uma coisa parece ser certa: as atitudes firmes e coerentes são fundamentais na educação dos filhos.

Limites, regras e vida em sociedade

Por mais que lhe custe ouvir falar deste assunto, não se esqueça que os limites e as punições são uma constante nas nossas vidas. Por exemplo: um motorista que segue acima do limite máximo de velocidade permitido, será multado, ou seja, punido. Viver em sociedade significa obedecer a regras. Muitas vezes não percebemos, mas estamos constantemente a respeitar e a definir limites. Não seria possível viver colectivamente sem eles. Por isso, a criança precisa aprender desde cedo como comportar-se em grupo. Naturalmente que é dever dos pais atender os pedidos dos filhos, mas sempre dentro de determinados limites impostos pela sociedade e pela educação dos próprios progenitores. É preciso saber dizer não, de uma forma positiva e coerente, caso contrário vamos estar a interferir no desenvolvimento correcto da criança.

Saber dizer "não"

Dizer "não" a uma criança é uma atitude, dentro do processo educativo, necessária e saudável. A criança precisa de compreender que existem regras, que tudo tem um momento certo e que há horas para brincar, para dormir, estudar etc. Quando a criança tem liberdade total, tem dificuldade em apreender e aceitar regras e limites. A falta de firmeza dos pais leva a criança a impor a sua vontade. Então, é ela que determina o que vai comer, o que vai vestir, que programa assistir na TV, como deve ser mobiliado seu quarto, etc. Habituados a impor a sua vontade, a criança e o adolescente não aceitam ser contrariados. Dizer "não" a uma criança, no momento certo, não é prejudicial. Muito pelo contrário. Esta pequena palavra é necessária, uma vez que a criança está ainda a construir a sua concepção do mundo. A criança precisa de conhecer os limites, saber distinguir aquilo que pode ou não ser feito, para conseguir viver em sociedade. Ao contrário do que muitos pais pensam, a criança é capaz de entender um "não". A recusa não gera traumas, mas tem que ter uma razão e coerência. Ao proferir a negação, o adulto mostra que se preocupa com a criança, e, para ela, isto vale muito mais do que muitos brinquedos ou a realização de todas as suas vontades. Ela poderá chorar ou "fazer birra", mas isso faz parte da sua socialização. Assim, o adulto deve pensar no bem da criança quando tiver diante de si uma situação em que precise de negá-la. Pode ser um pouco difícil dizer não, mas é preferível ver uma cara triste por apenas alguns momentos, do que testemunhar problemas mais graves que poderão fazer a criança sofrer mais tarde.

Os limites, os castigos e a culpa

Os limites ensinam à criança como respeitar o próximo, facilitando a socialização, por isso devem fazer parte da educação. Uma vez que vivemos em sociedade, é necessário haver respeito pelas regras pelas quais esta se rege. Quando um limite não é respeitado, é importante que haja um "castigo", que não deve ser físico. Pode-se, por exemplo, proibir uma brincadeira ou um passeio de que a criança goste. Mas atenção, a punição deve ser sempre equivalente à gravidade do acto cometido e aplicada de imediato. É importante deixarmos claro que "limite" é diferente de "repressão". O primeiro actua sobre a criança através dos castigos, enquanto que a repressão o faz através da culpa. O castigo age sobre o acto e a culpa sobre a pessoa. Durante o desenvolvimento da criança, estabelecer e conhecer os limites é saudável quando estes se referem apenas aos actos, não desmerecendo ou desvalorizando a pessoa. A criança não deve sentir-se culpada pelos seus actos, mas ser-lhe imputada responsabilidade por estes. Alguns limites - conselhos Assim, aqui vão alguns conselhos para conseguir colocar limites de uma forma positiva:
· Não autorize ou proíba conforme os seus desejos pessoais e o estado de espírito do momento;
· Demonstre que os adultos também têm limites a respeitar;
· Justifique os motivos do limite: "não faças isso porque eu não quero ou porque eu não gosto" não é justificação. As razões devem ter a ver com segurança e/ou com respeito;
· Não dê castigos físicos - rapidamente deixam de surtir efeito;
· Diga qual punição a dar quando um limite é ultrapassado, e não deixe de a executar;
· Dê castigos brandos para atitudes pouco graves e castigos pesados para atitudes graves;
· Deixe claro que a punição corresponde ao acto e não à pessoa;
· Repita um "não" quantas vezes for necessário;
· Use a sua autoridade sem humilhar;
· Use da afectividade para impor limites. Dar o exemplo - ajustá-lo à criança / ressalvar a diferença

A criança precisa de parâmetros

Os adultos, são responsáveis directos no que diz respeito à sua aprendizagem, porque as crianças buscam neles um reforço, seja ele negativo ou positivo. Por isso, é preciso estar atento aos comportamentos que tomamos. Lembre-se que os nossos modos são imitados pelas crianças. Se dizemos que uma atitude não é correcta e mesmo assim a fazemos, com certeza a criança ficará insegura, não acreditará no que lhe é dito e fará exactamente o que não devia, já que ela aprende muito mais pelo que vê do que pelo que ouve.
Para rematar:
· Explique sempre quando e porquê as suas acções lhe são permitidas a si e à criança não. Refira razões de capacidade, idade, segurança, adequação ou responsabilidade.
· Nunca tenha medo de dizer "não", mas explique sempre porquê.
· Deixe a criança colaborar, na medida do possível.
· Quando e sempre que for possível, ensine. "


texto integral retirado de http://www.educacao.TE.pt em Maio de 2006

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