terça-feira, 19 de dezembro de 2006

orientações para professores tutores


ORIENTAÇÕES


Tutoria pode definir-se como um processo em que uma pessoa, ajuda e apoia a aprendizagem de outra de uma forma interactiva, significativa e sistemática.

A tutoria era já uma prática comum na Grécia e Roma antigas. Actualmente a investigação mostra que a tutoria pode ser altamente eficaz, pois permite ao aluno mais reflexão acerca da aprendizagem, uso de vocabulário mais simples, mais exemplos, mais prática, mais feed-back e elogio, maior auto-regulação e tomada a seu cargo do processo de aprendizagem, mais incitamento e autocorrecção, maior resolução de mal entendidos, entre outros.


OBJECTIVOS


A tutoria está prevista na legislação e os seus objectivos são:

- apoio à integração do aluno na turma e na escola
- aconselhamento e orientação no estudo e nas tarefas escolares
- promover a articulação das actividades escolares com outras actividades formativas

Para alcançar estes objectivos deve o tutor articular com a família, apoios educativos, SPO e DT.



PROCEDIMENTO

O procedimento proposto para a tutoria é o seguinte: encontros semanais, entre tutor (professor) e tutorado (aluno) em formato de sessões de trabalho e de entrevista:


A entrevista é a situação concreta de diálogo entre o tutor e o aluno. Na entrevista pode conhecer-se melhor o aluno, oferecer-lhe uma ajuda personalizada e ajudá-lo a conhecer-se melhor. É ideal para os primeiros encontros, para ajudar os alunos a integrarem-se na turma e na escola, para resolver problemas, para momentos críticos, entre outros.



O trabalho do tutor baseia-se num relação de confiança, empatia, envolvimento, genuinidade e é centrado nas necessidades do aluno. É um processo de ACONSELHAMENTO.

As sessões/entrevistas de trabalho serão semidirectivas e semiestruturadas: o objecto de diálogo e de trabalho é negociado entre tutor e tutorado de modo a encontrar convergências entre as necessidades identificadas pelo CT e as percebidas pelo aluno.



Nas entrevistas/sessões de tutoria, sugere-se ao tutor:

Evitar interrogatórios e o desejo de controlar a situação;

Não ser impositivo, nem manipulador, nem paternalista;

Informar claramente que se deseja ajudar, que o tutor se interessa pelo aluno e que este pode contar com ele para expor as suas dúvidas e problemas;

Suprimir o 'protocolo' para se conseguir uma situação agradável, em que o aluno se sinta cómodo, seguro e sem se sentir julgado nem pressionado;

Não tentar conseguir tudo numa única entrevista; a tutoria é um processo contínuo, por isso deve haver entrevistas periódicas;

Não ter pressa;

Planificar a sessão de forma semi-estruturada e não a converter numa conversa informal.



O encontro inicial serve para estruturar a relação e motivar o aluno:

- Começar com um tema que possa ser interessante para o aluno compreender que o tutor não quer ser directivo. Sugestões de temas:
l. Expectativas que o aluno tem a curto, a médio e a longo prazo;
2. O que lhe agrada mais e o que agrada menos no trabalho escolar em geral;
3. Como pode melhorar os seus hábitos de trabalho e de estudo;
4. Se é feliz com o que faz e como o faz;
5. Que tipo de relação considera idónea entre professor e aluno

- Reflectir em conjunto sobre aspectos académicos e o futuro pessoal e escolar do aluno

- Questionar o aluno sobre as expectativas face à tutoria, corrigi-las se necessário e explicar-lhe como vai funcionar a mesma, o papel do tutor e o que se espera do aluno, o horário, como vão lidar com as faltas, etc..

- Por fim, deixar algum tema iniciado para a próxima entrevista. Para motivar alguns alunos poderá ser interessante planear para um futuro próximo uma sessão em que o aluno ensina algo ao tutor.


Nas sessões seguintes o tutor procurará aprofundar a relação de confiança, mostrando que está a fazer compreensão empática e escuta activa, assumindo posteriormente uma atitude de apoio na resolução de problemas.


As técnicas a usar poderão ser:


Posicionamento a 90º do tutor face ao tutorado

Uso da paráfrase. Ex: "então sentes que a mudança de turma te vai ajudar a melhorar os resultados escolares?". É imprescindível para criar uma boa relação e é acompanhada de suspensão da crítica, ou das sugestões.

Trabalho com o aluno (depois de ouvido atentamente), para transformar os problemas em objectivos. Em seguida listam-se propostas de solução, realizadas pelo aluno e pelo tutor.




Nas sessões de trabalho no apoio à organização do estudo, à aprendizagem de métodos de estudo e à realização de tarefas escolares, os tutores devem:

- Apoiar a realização de tarefas concretas, sendo por vezes necessário acompanhar o aluno até ao Centro de Recursos, salas de estudo ou até professores que possam esclarecer dúvidas.
- Ter como alvo os objectivos do aluno e as suas necessidades percebidas. Por vezes os alunos querem resolver pequenas tarefas mais do que realmente aprender. Deve-se começar tendo em conta as preocupações imediatas dos alunos, mas aos poucos tentar alargar os seus objectivos.
- Caminhar por pequenos passos.
- Equilibrar apoio e desafio de modo a que o aluno se vá tornando mais autónomo e se mantenha motivado.
- Evitar sermões. Fazer intervenções curtas.
- Usar a revisão e síntese dos encontrso anteriores e durante cada encontro.
- Concentrar-se na tarefa em mãos, evitando derivar para conversas irrelevantes. O tempo de tutoria é precioso.
- Variar. Misturar tarefas simples e difíceis, curtas e longas, altamente estruturadas e abertas, falar, ouvir, ler e escrever.
- Questionar. Não faça perguntas que exijam um resposta monossilábica. Ponha questões abertas, mas simples. Faça perguntas que levem o aluno a aplicar, analisar, prever, classificar, sintetizar, justificar ou avaliar o que está a aprender.
- Dar tempo para pensar.
- Elogiar quando os alunos resolverem problemas ou tarefas difíceis para eles. Elogie a autocorrecção. Elogie quando a frequência de erros diminui. Elogie uma actuação melhor, ainda que não seja perfeita. Elogie pela participação na sessão de tutoria. Elogie eficazmente especificando a razão porque o faz.


RESUMO

A tutoria visa apoiar o aluno na sua integração sócioafectiva na escola e no estudo e realização de tarefas escolares, articulando com a aprendizagem não formal.

O tutor usa a entrevista semiestruturada e semidirectiva para: estabelecer com o aluno uma relação de confiança, conhecer o aluno, motivá-lo, ajudá-lo a (re)formular objectivos, resolver problemas, aumentar o seu auto-conhecimento e a sua integração sócio-afectiva, explorar interesses...

A entrevista tem dois grandes momentos: um de escuta activa e empática, sem críticas nem sugestões e outra de formulação de objectivos e exploração de alternativas para resolver problemas concretos.

O tutor usa as sessões de trabalho e estudo para ajudar o aluno a organizar-se e a realizar o estudo e as tarefas escolares, ensinando através de demonstração o uso de métodos de estudo...

Na mesma sessão poderá usar as técnicas de entrevista e de sessão de estudo.

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