quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

conselhos aos pais que se separam

<• Reafirme, aos seus filhos, o seu amor por eles e que irá cuidar deles e satisfazer as suas necessidades, independentemente do que possa acontecer entre si e o outro progenitor. Diga-lhes que vai estar sempre ao pé deles e que tudo irá correr bem. Explique-lhes que existirão momentos em que vocês poderão sentir-se confusos, talvez tristes ou furiosos, mas que também terão momentos felizes.
• Conforte os seus filhos, seja o seu abrigo seguro, onde eles podem expressar os seus sentimentos. Esteja atento aos diferentes medos que possam ter e à possibilidade de se recriminarem pelos problemas que você possa estar a atravessar. Poderá ajudar recordar-se que «os filhos são bons observadores mas maus intérpretes.»
• Assegure, aos seus filhos, que eles ainda têm família mas agora em dois lares, em vez de um. Use termos positivos como «estar no teu outro lar» ou «estar com a mãe ou pai» em vez de falar em «visita.» Explique as coisas. Desmistifique as coisas com informação apropriada ao seu filho sobre as mudanças que podem ocorrer, o que será dife­rente e o que permanecerá igual.
• Seja o adulto. Mostre, pelos seus actos, que consegue enfrentar os pro­blemas e que os seus filhos podem confiar em si. Explique-lhes que a separação ou o divórcio é assunto de adultos entre a mãe e o pai. Nunca sugira ou diga que os seus filhos tiveram alguma culpa nas lutas com o seu ex-cônjuge ou no fim do vosso casamento. Não envolva os seus filhos na sua comunicação ou nos eventuais problemas com a mãe ou pai deles.
• Dê possibilidade aos seus filhos de poderem dar a sua opinião mas assuma a responsabilidade pela decisão final. Respeite as necessida­des, desejos e opiniões dos seus filhos. Mostre-lhes que são importan­tes e respeite as suas opiniões, mas não lhes pergunte com quem pre­ferem viver e se você e o outro progenitor se devem separar ou não.
• Forneça estrutura e previsibilidade. Um sentido de ordem é um ingredi­ente fundamental para fortalecer a segurança, continuidade e assegu­rar que as coisas estão sob controlo. As rotinas regulares, as regras caseiras e de segurança são componentes desta estrutura. A flexibilidade também é importante mas uma estrutura razoável é a base.
• Apoie o outro progenitor e facilite-lhe as coisas para ele ou ela terem uma boa relação com os seus filhos. Não fale mal dele ou dela nem tente virar os seus filhos contra ele ou ela. Se o outro progenitor for peri­goso ou agressivo, arranje ajuda especializada de imediato e proteja-se a si e aos seus filhos.
• Facilite ao outro progenitor o acesso ao que está a acontecer com os seus filhos. Os seus filhos precisam que vocês os dois estejam em con­tacto e atentos às suas necessidades, alegrias, sucessos, preocupa­ções, saúde e progressos. Troquem informações entre vós, mesmo nas coisas mais pequenas, se puderem. É uma grande conquista com a qual os vossos filhos lucrarão.
• Nunca ameace abandonar os seus filhos, nem mesmo na esperança de que assim lhe obedeçam. É desonesto e escusadamente ameaçador e pode fazer com que percam o respeito e a confiança que sentem por si.
• Mantenha um calendário, de fácil leitura, que os seus filhos possam con­sultar a qualquer momento. Mostre-lhes onde vai ser o outro lar. Leve-os consigo quando for ver apartamentos ou casas. Quando os seus filhos mudam de casa, precisam de um tempo para se adaptarem.
• Reconheça e reaja aos sinais de perigo. As crianças são resistentes mas só até um certo ponto. A partir daí, as coisas podem facilmente deteriorar-se. Esteja atento [atenta] aos sinais de perigo e não espere demasiado até procurar apoio profissional.
• Não dê a entender aos seus filhos que poderá vir a reconciliar-se com o outro progenitor. Alimentar falsas esperanças não vai ajudá-los a adap­tar-se à vida nova.
• Sossegue os seus filhos repetidamente, durante os primeiros dois anos, após a separação. Esta atitude, da sua parte, é muito importante para a sensação de segurança dos seus filhos, em particular através de actos e de manifestações de afecto que demonstram que você está feliz por eles serem seus filhos, que você os ama e que vai tomar conta deles para sempre.
• «Ofereça-se» aos seus filhos. Dê-lhes momentos em conjunto, contac­tos quando estiverem separados, a sua atenção, a sua presença física, assim como o seu amor; abraços, cotoveladas, risos e encorajamento. Tente não deixar estas coisas a cargo de amas, treinadores ou familia­res. Os seus filhos precisam é de si em primeiro lugar.>


Texto integral de :

Ricci, I. Casa da mãe casa do pai. Construir dois lares para os seus filhos. Um guia para pais separados, divorciados ou que voltaram a casar. Lisboa. Ed. Sílabo.2004

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